Tesouros Humanos Vivos

Apesar da fronteira política que separou o Vale do Minho em dois estados durante séculos, a população deste território galego português continuou a partilhar uma cultura comum que foi transmitida oralmente, de geração em geração, e que constitui parte da identidade deste território.

Alguns desses conhecimentos e sabedoria estão atualmente em perigo de desaparecer e apenas são mantidos vivos por pessoas, geralmente de idade avançada, que são capazes de os recordar e recriar e por isso são uma referência para a comunidade, o chamado ‘Tesouros Humanos Vivos’.

A origem do conceito do Tesouro Humano Vivo remonta a 1950. Nessa altura o governo do Japão, consciente das transformações que sua civilização milenar estava a passar e pela importância de preservar a sua vasta cultura imaterial, começou a designar como Tesouro Humano Vivo aquelas pessoas que encarnavam os valores culturais intangíveis do país. Outros estados seguiram o exemplo do Japão, estabelecendo os seus próprios programas oficiais para o reconhecimento de valores intangíveis, tais como a França, Filipinas, Roménia, Coreia do Sul e Tailândia.

Em 1993, a Unesco deu um passo decisivo ao estabelecer um programa específico chamado, ‘Tesouros Humanos Vivos’ e ao encorajar a todos os Estados membros da organização internacional a seguir estes exemplos.

Segundo a definição da UNESCO, um Tesouro Humano Vivo é uma pessoa que possui um alto grau de conhecimento e as habilidades necessárias para executar ou recriar elementos específicos do patrimônio cultural intangível. São também conhecidos como Tesouros Nacionais Vivos, Maîtres D’art ou Depositários da Tradição das Artes e Ofícios Populares..

O PROJETO

A ação Tesouros Humanos Vivos é promovida através do projeto de cooperação transfronteiriça Smart Minho, no qual aDeputación de Pontevedra e a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho trabalham em conjunto. Através desta iniciativa, queremos recuperar a memória cultural galego-portuguesa minhota, alorizar este património imaterial tão importante, mas também garantir a sua transmissão às novas gerações, evitando que este conhecimento desapareça.

Colaboração

O estudo oi realizado em colaboração com a Asociación Cultural e Pedagóxica Ponte… nas Ondas!, uma das 176 entidades acreditadas como consultores em todo o mundo, a única na Galiza, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), com mais de 20 anos de experiência no estudo do património imaterial transfronteiriço.

Sob esta filosofia, e seguindo a metodologia da Unesco, a organização pedagógica Ponte… nas Ondas! começa a trabalhar na documentação da cultura imaterial do rio Minho Transfronteiriço, um território que não subscreve um Estado, mas mantém a uma identidade própria e comum, ao longo das fronteiras políticas estabelecidas.

Identificação e reconhecimento

O trabalho de identificação e reconhecimento do Tesouro Humano Vivo é um processo íntimo, onde as janelas da memória são capazes de nos transferir para outros tempos, para memórias de infância, para boas e más memórias. Às vezes, o estudo chega à esfera interior das mulheres e homens que são entrevistados, tentando recuperar os velhos conhecimentos que nos falarão, trazendo para o presente todo o tipo de experiências e emoções.

Uma vez concluída a fase de documentação e classificação dois conteúdos, o objetivo é a sua transmissão à população em geral e às novas gerações em particular. Para isso, o projeto Smart Minho contempla a organização de atividades escolares no território galego e português da fronteira do rio Minho, a fim de levar toda esta informação valiosa às crianças de uma forma lúdica. Haverá também uma exposição conjunta com o CIM Alto Minho sobre Tesouros Humanos Vivos e As Pesqueiras, a publicação de um livro infantil e um evento de homenagem.

Sem dúvida, o futuro da nossa sociedade dependerá em grande parte da capacidade de preservar os tesouros culturais que herdamos daqueles que vieram antes de nós. Podemos mergulhar no nosso património cultural, seja ele tangível, natural ou intangível, de muitas formas, através de textos, fotografias e visitas a museus, mas a melhor e mais valiosa abordagem é viver diretamente com a pessoa que detém esses conhecimentos.

TEMÁTICAS

A pesca e o rio

Os barcos de pesca são construções feitas pelas populações ribeirinhas desde tempos imemoriais, para facilitar o trabalho de captura de peixes do rio Minho.

A língua: o goianés

O goianés é uma forma dialetal do galego que só se fala na pequena paróquia de Goián, no município de Tomiño.

Vida na montanha

O Vale do Minho não é habitado apenas por comunidades ribeirinhas. Quem olha além das margens esquerda e direita pode ver de longe o topo das colinas.

Jogo tradicional

Os jogos tradicionais fazem parte do património cultural duma comunidade. Contribui para a educação, a cultura ou a comunicação.

Cantiga, festa e romaria

Feiras, festivais e romarias eram uma das poucas oportunidades para relaxar no passado.

Gastronomia

As sociedades sempre se distinguiram pela construção diferenciada dos papéis de género. Uma das áreas onde esta diferença é mais visível é na cozinha.