A pesca e o rio

Os barcos de pesca são construções feitas pelas populações ribeirinhas desde tempos imemoriais, para facilitar o trabalho de captura de peixes do rio Minho. A sua propriedade, assim como o conhecimento necessário para a sua construção e manutenção, defendendo-os dos impactos do rio, foi transmitida de geração em geração até aos nossos dias. Hoje, muitos deles estão em desuso, destruídos ou esquecidos e há poucas pessoas que ainda dominam as técnicas de construção das artes de pesca.

Herdeiros de um património cultural ancestral, os homens e mulheres do Minho conheceram cada canto do rio e souberam viver em harmonia com ele. O rio pertencia-lhes e eles pertenciam ao rio. Esta simbiose perfeita com a natureza que os rodeava começou a romper-se com a emigração e o êxodo rural. Pouco a pouco perderam-se os nomes dos peixes, as artes de pesca, as formas de captura e a relação com o rio como forma de subsistência.

Cada pesqueiro tem um número e um nome, atribuído pela autoridade administrativa que o requer. Mas, além disso, cada pesqueiro tem um ou vários caminhos, uma relação com o rio que depende da água, da orientação da corrente, da configuração do rio naquele local específico. E é aqui que aparecem os nossos Tesouros, capazes de saber quando colocar o equipamento de pesca na boca do pesqueiro, que será a melhor orientação, a forma adequada, o momento certo e a época de cada espécie.

Espécies

As espécies do rio são variadas. Algumas delas já nem são mais lembradas, como o salmão, outros aparecem, como o sável, e outros já ganharam um lugar especial no imaginário local, como a lampreia. José Ramón e José Manuel citam técnicas para capturar estes famosos hiperoartídeos, animais tão estranhos quanto premiados. Por exemplo, os buitróns ou voitrons, onde as lampreias estão presas numa espécie de rede em forma de funil, com uma armação de ferro e uma abertura arqueada. Javier escolhe cuidadosamente.