10 Nov O Rio Minho caminha para a sustentabilidade graças a projetos inovadores como fertilizantes à base de bagaço e eficiência energética
O Observatório das Dinâmicas Transfronteiriças do Rio Minho, promovido pelo AECT Rio Minho, apresentou hoje no Centro Social Polivalente do Rosal o relatório “Sustentabilidade e Economia Verde”, uma análise centrada nos desafios ambientais que se colocam à economia do território fronteiriço, como são as alterações climáticas ou a escassez de água, e a necessidade de tomar medidas urgentes como a implementação de paradigmas económicos sustentáveis capazes de fazer face a estes problemas. Participaram no encontro cerca de trinta agentes económicos do território.
O coordenador científico do Observatório e professor da Universidade de Vigo, Xavier Martínez Cobas, foi o encarregado de apresentar o estudo, após o qual foi aberto um debate do qual participou a presidente da Associação de Cultivos do Baixo Minho (Acubam), Mariví Álvarez, o responsável do viveiro Raiz da Terra, José Augusto Martins, o diretor técnico da Adega Terras Gauda, Emilio Rodríguez Canas e o presidente da Direção da Adega Cooperativa Regional de Monção, Armando Fontainhas. A alcaldesa do Rosal, Ángela Fernández, abriu o evento e a alcaldesa de Tomiño, Sandra González, moderou o debate. As conclusões apontaram para a necessidade de se tomar medidas imediatas e estimular atividades que tenham em conta os desafios gerados pela crise climática, a degradação e escassez de água e a perda da biodiversidade, principais problemas apontados pelos participantes.
Segundo o professor da Universidade de Vigo, no campo dos recursos naturais, o relatório analisa as atividades de agricultura, pecuária, caça e atividades relacionadas; silvicultura e atividades florestais; da pesca e da aquicultura; e da extração de produtos minerais, destacando-se que a maior parte dos recursos são destinados à agricultura, pecuária, caça e atividades afins.. Boa parte das atividades estão localizadas nos concelhos da área do AECT Rio Minho, e ocupam um papel relevante na economia da área transfronteiriça. O segundo lugar é ocupado pelas empresas vocacionadas para a pesca, localizadas essencialmente nas zonas costeiras do AECT Rio Minho e algumas mais no interior, ligadas à pesca no rio.
Relevância da silvicultura apesar de ser a atividade com menor peso no território
“A silvicultura – destacou Xavier Martínez Cobas – é a atividade menos importante do território, embora o número de empresas também seja considerável. As empresas florestais são as únicas que estão a crescer no território, pelo que possivelmente será um importante fator de competitividade neste território no futuro”, frisou.
Nesse sentido, enfatizou que o grande desafio é evitar os incêndios e seus efeitos, e em particular o efeito de grandes incêndios, como os ocorridos em 2017. “Para isso, a silvicultura preventiva pode ser a maior ferramenta de proteção. O tratamento das árvores, a escolha das espécies e os modelos de exploração, limitando as localizações em pontos críticos, são linhas a seguir”, disse.
Fertilizantes de bagaço e painéis solares para eficiência energética
Por outro lado, o relatório destaca ainda que todas as atividades associadas à economia circular estão a aumentar nas empresas do território (eletricidade, valorização e gestão de resíduos), com tendência para uma maior sustentabilidade. No caso da viticultura e plantas ornamentais, destaca-se a necessidade de desenvolver subprodutos compatíveis com o meio ambiente, limitando o uso de componentes químicos que prejudicam a biodiversidade.
Nesse sentido, foram apresentadas na mesa de discussão iniciativas de importantes empresas da área, como o caso da vinícola galega Terras Gauda, que atualmente desenvolve um projeto de conversão do bagaço em fertilizante e pesticida de qualidade graças ao Estudo de Vitalver. Do lado português, a Adega Cooperativa Regional de Monção deu ainda a conhecer o seu projeto de eficiência energética com a instalação de painéis solares, que permitem trabalhar com menos consumos energéticos e menores custos operacionais.
O workshop foi desenvolvido no âmbito do Projeto ‘Rede de Apoio às Dinâmicas Locais de Cooperação Transfronteiriça do Rio Minho” (REDE_LAB_MINHO), co-financiado pelo Programa Interreg V-A Espanha Portugal.