A Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho

A denominação “A Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho” abarca os saberes e conhecimentos praticados pelos pescadores da fronteira internacional do rio Minho, tendo em conta a criação e adaptação de “Artes da Pesca” às contingências espaciais e naturais de parte do rio Minho, transformando-o numa paisagem cultural, junto com sofisticados processos sociais de construção e partilha das ‘pesqueiras’. Este processo destaca-se enquanto património cultural Imaterial, na forma como as comunidades humanas minhotas conseguiram entender o contexto ecológico e usar os recursos à sua disposição, dentro das condições orográficas, geológicas, hidrológicas, haliêuticas, social e ambientais do espaço referencial ao ecossistema onde vivem. No curso internacional do rio Minho, entre a Torre da Lapela e a Igreja do Porto, pertencentes ao concelho de Monção e As Neves, respetivamente, e, a montante, o rio Trancoso, entre Melgaço e a Galiza, que delimita a fronteira entre Portugal e Espanha, existem, em ambas as margens do rio, mais de 900 construções centenárias, e algumas possivelmente milenárias, denominadas de ‘pesqueiras’. As ‘pesqueiras’ são construções em pedra, constituídas por um corpo em forma de muro, composto por pedras emparelhadas, com forma retangular, podendo ter vários corpos (‘piais’ / ‘poios’) de forma romboidal, com ou sem cauda, que são utilizadas para armar artes de pesca fluvial, como o botirão e a cabaceira.

O seu valor patrimonial decorre tanto da sua constituição arquitetónica e variedade tipológica, dentro de um pequeno contexto territorial, onde marcam a paisagem, bem como da sua existência histórica ao longo de séculos, sempre praticadas pelas comunidades minhotas, as quais tiveram de desenvolver saberes e práticas de uso e partilha, organização social, etc., que são um excecional património imaterial a elas associado. A classificação solicitada, com o título de “Pesca nas Pesqueiras do rio Minho”, tem a sua razão de ser por estarmos conscientes do alto valor dos saberes e conhecimentos práticos associados à pesca nas pesqueiras e pelo facto de o património imaterial das ‘pesqueiras’ do rio Minho só ser compreensível quando se entende a relação entre os patrimónios material, imaterial e natural. Os pescadores que usam as pesqueiras e as suas artes de pesca têm uma relação contínua com o espaço onde elas se implantam, tendo em conta a exigência da sua manutenção.