Tesouros da língua: o goianés

Clementina Ozores

A Clementina tem um olhar calmo. É difícil adivinhar que ele nasceu em 1929, em Goián, Tomiño. É difícil, quase impossível, augurar seu recorrido vital e as histórias que ele se orgulha de contar quando pergunta. Clementina nasceu numa família de comerciantes com negócios na vila e cum pai emigrou para o Brasil. Foi uma das primeiras mulheres da paróquia que estudou em Compostela, licenciando-se em Filosofia e Letras. Ela também foi a primeira mulher a ir à cidade de calças, mas foi incompreensível e criticada pelos vizinhos.

Perante os preconceitos patriarcais daqueles tempos, e desejando estudar o inglês, Clementina decidiu deixar o seu trabalho como professora na Galiza e ir para Inglaterra. Lá, longe da casa e seu mundo, durante as manhãs ele trabalhava como uma au pair enquanto dedicava suas tardes para estudar e continuar aprendendo. Nesses anos também fez um curso de raio-X graças ao qual trabalhou como técnico num hospital de Oxford. Então, Clementina decidiu regressar à Galiza e dedicar-se ao ensino em várias escolas da província.

Clementina sempre foi uma mulher à frente do seu tempo, pioneira de várias maneiras, capaz de abrir as portas a novas gerações de mulheres de moitas maneiras. Mas Clementina contém também um tesouro valioso, é uma das poucas pessoas vivas que fala goianés.

Rosario Rocha

Rosario nasceu em Tomiño em 1950. Aos 12 anos de idade trabalhava como empregada de balcão em Goian, atividade que o tornou compatível com a escola até os 14 anos de idade, quando finalmente se dedicou ao trabalho em tempo integral. Rosario mantém vivo o uso do goianés quando está na companhia das pessoas que ainda sabem falar, embora sejam cada vez menos.